SUL






Chega a ter gosto
o silêncio da tarde
Chega a tocar
 toda esta imensidão
Neste meu Sul
os dias correm devagar
Neste meu Sul
é permitido acordar
Neste silêncio...
Nunca encontro a solidão.

(António Dimas)

OÁSIS





Porque por vezes
pensamos
que percorremos
um deserto
onde apenas
encontramos
oásis de memórias
e deixamos em cada sulco
aventuras imaginárias...

(António Dimas 04.2006)

MOINHO



Sentado no cimo de um moinho imaginário
Olhando o rio .. na sua tranquilidade
Serpenteei como ele até ao mar
Fui do nascente ao poente da saudade

Senti o vento despentear o meu ser
Fui abraçado pelo calor que cai do céu
Respirei sonhos e amarguras incontidas
Senti-me bem, dentro de ti... senti-me teu

Atravessei aquele rio de lado a lado
Jogando pedras com a força do meu braço
Por cada pedra uma história por contar
Cada salpico a vontade de um abraço

Sentado no moinho imaginário
Molhei teu rosto com beijos ao acordar
Senti no ventre que este Alentejo era meu
E este meu  o rio era bem maior que o mar...


(António Dimas 09.2007)

CHUVA


Ao fim da tarde
As pingas  tocaram  a tua pele
acariciaram os teus cabelos
e transpiraram o teu corpo...
e o vento.. aquele suave vento
levou com ele o ridículo das coisas banais
e deixou-te no rosto um sorriso rasgado de criança
com  vontade de  chapinhar nas poças de água
e  tocar o arco iris... Como se todo o céu te pertencesse.
Entre as cores cinzentas de inverno
e o cheiro da terra molhada
descobres   melodias  e emoções
e encharcas-me nas gotas  que escorrem de ti.
E... esse cair da tarde
fez com que a noite deixasse de ser triste e absurda
porque te deixas-te embalar pela cadência dos sons
que te trouxeram de novo o prazer de sonhar.
E...  sem te aperceberes, aprendeste a gostar da chuva

António  Dimas