CAIS



Fiquei sentado no cais
Vendo o tempo... que partia
Abraçando o sol poente
Dando a mão à maresia

Ouço o mar tocar flauta
E o vento acordeão
Este cais.. é o meu cais
É meu canto... é meu chão

Lá longe fica a cidade
E os vendedores de ilusões
Fiquei no cais dos sentidos
E nos ais das emoções

Senti o cheiro da terra
E o sabor da nostalgia
Fiquei no cais da saudade
Vendo o tempo... que fugia

(António Dimas 09.2007)

AQUELE FÁ


Encostado à ombreira da porta
Sem se atrever a entrar
Olhos sós e cristalinos
Rosto com sabor a luar

Ouvia ao fundo aquela voz
Que lhe ensinava a cartilha
Aquele fá, aquele dó
O cair daquela lágrima,
Em cima daqueles livros
Em pilha..

Continuas a chorar?
Pois eu vou pegar em ti
Montar-te no velho burro.... pelas veredas que ali vês
...E todas vão dar ao mar

E quando chegares ao mar espreitas pela fechadura
Verás que os peixes pretos e brancos
Assim como as flores dos campos
Têm mais cores à mistura

(António Dimas  09.2007)